Os esquemas concebidos para proteger as florestas tropicais do desmatamento com base no carbono que armazenam precisam de aumentar os seus pagamentos de protecção, de modo a competir financeiramente com os lucros potenciais das plantações de borracha, de acordo com um estudo divulgado sexta-feira pela Universidade de East Anglia (UEA).
As florestas, que são mantidas intactas, absorvem e armazenam carbono. Este processo pode ser traduzido em “créditos de carbono” que podem ser oferecidos a indivíduos, organizações, ou mesmo países, para compensar as suas próprias emissões de carbono, ou em esforços mais amplos para combater as alterações climáticas globais.
O estudo, liderado pela UEA, conclui que sem uma maior compensação financeira para os créditos de carbono florestal, o desmatamento das florestas continuará a ser mais atrativo do que a sua proteção.
Os créditos de carbono custam actualmente entre cinco e 13 dólares americanos por tonelada de CO2 nos mercados de carbono.
Mas isto não corresponde ao custo real de equilíbrio para proteger as florestas tropicais da conversão em borracha no Sudeste Asiático, que se situa entre 30 e 51 dólares americanos por tonelada de CO2, de acordo com o estudo.
As florestas estão a ser convertidas em plantações de borracha no Sudeste Asiático, disse a investigadora principal Eleanor Warren-Thomas, da UEA, que agora trabalha na Universidade de York.
“É menos provável que as florestas sejam protegidas através do financiamento do carbono se os pagamentos recebidos forem muito inferiores aos lucros que a floresta geraria se fosse cortada”, disse Warren-Thomas.
“Mostramos que onde a procura de terras para plantações de borracha está a impulsionar a desflorestação, é pouco provável que os pagamentos de carbono pareçam uma alternativa atractiva.”
O estudo foi publicado na revista Nature Communications.